19/10/2011 | por cleber

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Rio de Janeiro – Orçamento para o lixo em 2012 chega a quase R$ 1 bilhão

Do entulho nas encostas ao copinho jogado na rua, passando pelas lixeiras das casas, o jeito dos cariocas de lidar com o que não serve mais transformou a limpeza urbana numa conta bilionária para os cofres do Rio. O orçamento de 2012, enviado pela prefeitura à Câmara dos Vereadores, prevê que a Comlurb receba R$ 991,3 milhões. Isso equivale a 4,8% da receita de R$ 20,5 bilhões que o município pretende gastar com investimentos e o custeio da máquina pública. Para se ter uma ideia do tamanho da conta, daria para construir o BRT Transoeste – orçado em R$ 800 milhões -, que terá 56km, incluindo um túnel, ligando a Barra a Santa Cruz e Campo Grande. E ainda sobraria dinheiro para erguer 60 clínicas do programa de Saúde da Família (R$ 3,2 milhões a unidade).

Companhia levará 70% da verba da Conservação

O volume de recursos da Comlurb para o ano que vem é 6% maior que o orçamento de R$ 935 milhões da empresa em 2011. Somente nos últimos quatro anos, os gastos aumentaram em 48%: foram R$ 669 milhões em 2008. O orçamento da Comlurb abocanhará quase 70% da verba da Secretaria municipal de Conservação (R$ 1,5 bilhão). Sobrarão R$ 590,7 milhões para a troca de lâmpadas queimadas, operações tapa-buraco e desobstrução de bueiros. Secretarias consideradas importantes terão orçamentos menores. A de Transportes, por exemplo, receberá R$ 223,6 milhões. A Assistência Social ficou com R$ 378,5 milhões.

As autoridades apontam uma série de fatores para explicar a conta crescente. Um deles é que a empresa assumiu novas atribuições, como a poda das 600 mil árvores da cidade (em 2008) e a manutenção de 1.274 praças e parques (em 2009). Essas tarefas mais que dobraram os gastos com a manutenção de áreas verdes, pulando de R$ 9,2 milhões, em 2008, para R$ 20 milhões, em 2012, um aumento de 117,4%.

Nesses quatro anos, a Comlurb assumiu ainda a contratação das agentes de preparo de alimentos das escolas. Já são 1.200 merendeiras em 306 colégios, cuja folha de pagamento será de R$ 21,6 milhões (2,17% do orçamento da empresa em 2012). O número de garis também subiu de 12.610 para 14.597 funcionários em quatro anos.

Ainda de acordo com a prefeitura, o crescimento econômico também teria empurrado os gastos para cima, gerando mais consumo e mais lixo.

- O volume de lixo coletado entre 2005 e 2010 aumentou 11,3%, enquanto que a população cresceu apenas 1,29% no período – diz a presidente da Comlurb, Angela Fonti.

Segundo o secretário de Conservação e Serviços Públicos, Carlos Roberto Osório, a destinação dos detritos também implicará em mais gastos. Em 2012, a Comlurb deverá gastar R$ 110 milhões com aterros, 89,6% a mais que em 2008 (R$ 58 milhões). Isso porque o aterro de Gramacho, em Duque de Caxias, será desativado, sendo substituído pelo Centro de Tratamento de Resíduos de Seropédica. O CTR passará a receber 80% das dez mil toneladas diárias de lixo da cidade. O restante continuará sendo despejado no aterro de Gericinó.

- Concordamos em gastar mais em Seropédica para remediar um crime ambiental (Gramacho). Isso não é gasto. É investimento na correta destinação do lixo – diz Osorio.

Especialistas, porém, acreditam que os gastos poderiam ser menores se a prefeitura investisse em coleta seletiva. Hoje, apenas cem toneladas (1% do lixo) são reciclados por cooperativas de catadores. Um projeto da Comlurb com o BNDES – orçado em R$ 50 milhões – pretende ampliar para 150 toneladas por dia a capacidade de reciclagem e organizar a atividade dos catadores. Seis centrais de triagem serão implantadas.

- Países europeus chegam a reciclar 60% do lixo. A coleta seletiva parece ser mais cara. Mas os ganhos ambientais trazem benefícios indiretos para a economia – afirma a presidente da ONG Eco Marapendi, Vera Chevalier, que trabalha com catadores.

Com as centrais, a Comlurb quer tirar catadores das ruas, como os que ficam no Centro à noite. Morador de Paciência, Pedro Moraes, é contra as centrais por acreditar que ganhará menos.

- Revendemos o material para 15 depósitos – diz ele.

Morador de rua, o catador Thiago Almeida, é a favor da organização.

 

- Há muitos catadores e a disputa é acirrada. Já aconteceu de trabalhar à noite toda e não conseguir vender nada.

O lixo de rua representa 60% do que é produzido diariamente. Tanta sujeira vai gerar um gasto de R$ 446 milhões em 2012, 69,6% a mais que em 2008, quando foram gastos R$ 263 milhões. A coleta domiciliar não chegará nem a metade: a previsão de gastos nesse quesito, em 2012, é de R$ 159 milhões.

- Quando o carioca joga lixo na rua, está jogando dinheiro fora. É o custo das pequenas incivilidades – diz o secretário de Conservação.

Fonte: O Globo

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/10/17/orcamento-para-lixo-em-2012-chega-quase-1-bilhao-valor-bem-maior-que-reservado-pasta-de-transportes-925604984.asp#ixzz1bFDoBOkn © 1996 – 2011. Todos os direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A.




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