06/08/2012 | por cleber

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Baixada teme caos devido a acúmulo de lixo

Terreno que serve de depósito de lixo em Caxias agora fechado por ordem da Justiça, mas ainda cheio de detritos

Os municípios de Duque de Caxias, São João de Meriti, Nilópolis e Queimados, que juntos geram 1.650 toneladas de lixo domiciliar diariamente, estão temendo os efeitos de impasses na destinação final de resíduos. Por força de decisão judicial, desde quinta-feira a Central de Tratamento de Resíduos (CTR) de Nova Iguaçu recebe apenas o lixo gerado pela própria cidade e por Mesquita. A decisão pegou de surpresa os municípios da Baixada Fluminense, que até então vinham despejando seus resíduos no aterro sanitário de Nova Iguaçu. Em meio ao imbróglio, a Secretaria estadual do Ambiente (SEA) informou na quinta-feira que vai recorrer da decisão, que impede a abertura do centro de resíduos às três cidades vizinhas. Já em Caxias, também quinta-feira, o fechamento, determinado pela Justiça, de um terreno particular, onde funcionava um depósito provisório de lixo, causou muitos transtornos.

 

— A decisão da prefeitura de Nova Iguaçu é totalmente desconexa da política estadual, que prevê os consórcios entre as cidades. Vamos recorrer e certamente conseguiremos reverter isso. É uma questão de saúde púbica. Se a moda pega, e cada município só pensar no próprio umbigo, é o fim política estadual de resíduos — destacou o subsecretário estadual do Ambiente, Luiz Firmino Pereira.

Secretário fala em calamidade

Em Caxias, o fechamento do terreno da Meskatec Transportes Logística Ltda, onde funcionava o depósito provisório de lixo, no bairro Figueira, irritou o secretário de Meio Ambiente da cidade, Samuel Maia. Segundo ele, a medida está causando um “colapso” na logística da coleta na cidade. A prefeitura disse que a Procuradoria Geral do Município acatou a decisão judicial de fechar a estação, mas que recorrerá da medida.

— Qualquer cidade que exige deslocamento de mais de 25 quilômetros para destinar seu lixo corretamente precisa de estações de transbordo, onde o lixo é acumulado e sai para o aterro em grandes carretas. Não é lixão, é depósito temporário. Essas áreas diminuem os custos e garantem a logística correta. Não podemos mandar todos os caminhões direto para Seropédica. Cada veículo coletor leva cinco horas para ir e voltar. Se a central de transferência continuar fechada, teremos uma calamidade pública por acúmulo de lixo — disse o secretário, que criticou a Comlurb pelo fechamento do aterro de Gramacho antes do fim do ano.

O subsecretário estadual de Ambiente disse que Caxias deveria ter pensado numa alternativa antes do fechamento de Gramacho:

— Caxias precisa fazer uma estação de transbordo adequada, arrumar a casa. Chegou a esse ponto porque eles sabiam que Gramacho ia fechar e não fizeram nada. Vínhamos alertando há muito tempo.

Na terça-feira, o Ministério Público estadual ajuizou uma ação civil pública contra a prefeitura de Caxias e a empresa Locanty, contratada para fazer o serviço de coleta de lixo no município. De acordo com ação da 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Núcleo Duque de Caxias, o serviço piorou desde maio de 2011: “O atual contrato tem vigência até o início do próximo ano, perdurando, provavelmente, esta situação caótica e absurda, e não há prova de qualquer movimentação da municipalidade em resolver a situação, seja aplicando multas pelos descumprimentos contratuais, seja pela rescisão contratual”, diz um trecho da ação, assinada pelo promotor Guilherme Macabu Semeghini.

O MP pede, entre outras medidas, que a prefeitura de Caxias seja obrigada a executar as multas previstas no contrato; a suspender a Locanty de participar de licitação pelo prazo de dois anos, e a promover licitação para contratação de nova empresa para prestação do serviço.

Nova Iguaçu defende exclusividade

Em nota enviada ao GLOBO, a prefeitura de Nova Iguaçu afirma que o objetivo da medida que garante exclusividade no aterro da cidade, operado pela Haztec, é aumentar a vida útil do depósito. O engenheiro e consultor em resíduos sólidos Walter Plácido vê uma contradição na medida:

— Para aumentar a vida útil, é preciso evitar que a fração reciclável do lixo seja enterrada. O CTR de Nova Iguaçu tem todas as condições técnicas de receber os resíduos dos municípios vizinhos. A decisão da prefeitura é contraditória, pois a cidade ganha nas receitas adicionais do aterro. Ou seja, quanto mais o aterro recebe, mais ela fatura em impostos.

Ainda de acordo com Plácido, o episódio demonstra a necessidade de os contratos de lixo obedecerem à legislação federal e serem regulados por uma agência reguladora independente. Os efeitos do decreto 8.994/11, editado pela prefeita de Nova Iguaçu, Sheila Gama, foram criticados ontem pelo secretário de Meio Ambiente de São João de Meriti, Zilto Bernardi. A cidade gera diariamente 414 toneladas de lixo:

— Estamos mandando o lixo emergencialmente para Seropédica. Os caminhões demoram 40 minutos a mais para chegar, causando um transtorno no planejamento. Esperemos que essa decisão seja derrubada.

Fonte: O Globo



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